POR QUE ME CASEI?

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Não é difícil encontrar com alguém me perguntando sobre o motivo por eu ter me casado tão cedo. Confesso que, além de não saber o que responder, não entendo o que a pessoa quer descobrir com uma pergunta como essa.

Afinal, me casei com vinte e cinco anos, ou seja, um quarto de século. Nessa idade, Janis Joplin, Jim Morrison ou Kurt Cobain já estavam no auge da fama, conquistando multidões com o seu trabalho. Évariste Galois precisou de cinco anos a menos que isso para revolucionar alguns conceitos matemáticos, morrendo aos vinte. E Jesus Cristo, apenas com mais oito, mudou o curso da humanidade.

Portanto, os conceitos de cedo e tarde podem variar conforme as ações de cada pessoa. Sendo assim, não acho que me casei cedo. Nem tarde. Me casei quando tive vontade de me casar e achei que estava preparado para isso.

Mas, aí aparecem os questionamentos mais profundos: “como você sabia que estava pronto?”; “o que te levou a casar?”; “como sabia que ela era a pessoa certa?”; “não teve medo de dar errado?”. Continue lendo

QUANDO O “MAS” É UM PROBLEMA

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Além dos evidentes transtornos causados pela crise política e econômica que nos aflige, ainda tem aquelas pessoas que se aproveitam dessa situação e colocam para fora suas atitudes mais repugnantes, como se pudessem justificá-las com os erros alheios. Assim, pioram significativamente o cenário, afinal, me dói menos o preço da gasolina ou dos produtos do mercado, do que conviver diariamente com pessoas ignorantes.

Essas ações não podem ser taxadas como consequências do insucesso de um governo ou de um time de futebol, por exemplo. Mas, como fruto da própria índole de cada um.

Há poucos dias, presenciei um episódio que ilustra bem o que quero dizer. Enquanto estava prestes a entrar em um evento, cinco rapazes chegaram por fora com intuito de passarem na frente de todos que aguardavam na fila. Ao serem repreendidos, um deles ficou irritado e soltou a seguinte frase: “Rapaz, em um país bosta como este, vou enfrentar fila para quê?!” Continue lendo

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EU ENTENDO ZECA CAMARGO, MAS, NÃO CONCORDO

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Apesar de ter crescido ouvindo Raul Seixas, nunca percebi que, na prática, eu também pudesse ser uma metamorfose ambulante, pois, é difícil reconhecer que a mudança também precisa acontecer em você.

Diante disso, dois episódios independentes que aconteceram nesta semana, me fizeram enxergar, com clareza, que estou passando por uma transformação de mentalidade e atitude. E, como em um filme com um roteiro confuso, vou citá-los em meu texto na ordem inversa a cronologia dos fatos.

Primeiramente, – mas que, no caso, foi o último evento – zapeando pela minha timeline do Facebook vejo a seguinte frase: “virei o tipo de pessoa que foge do tipo de pessoa que eu costumava ser”. Uma postagem da escritora Clara Averbuck, dizendo, literalmente, aquilo que eu queria falar.

Talvez, para outra pessoa que não esteja vivenciando uma transformação de mentalidade parecida com a minha eu, essa afirmação passaria despercebida ou, até mesmo, não faria sentido algum.

Mas, para mim, foi como se tivessem gritado “bingo” dentro do meu cérebro! Sabe aquele momento que você se pergunta: “caramba, como não percebi isso antes?”. Pois é, para mostrar como cheguei nesse raciocínio, vamos para o segundo caso que, na realidade, aconteceu antes que o anterior: O comentário de Zeca Camargo sobre a morte de Cristiano Araújo.

Numa tentativa frustrada de abordar um ponto de vista diferente daquilo que havia sendo feito pela grande mídia, Zeca perdeu uma boa oportunidade de ficar calado e acabou nos brindando com uma enxurrada de clichês preconceituosos sobre cultura popular.

Entendo que realmente, neste momento, há uma ausência de referências culturais e o que existe é uma indústria de “muitos cantores que cantam a mesma coisa”. Provavelmente por isso, não há muitos critérios para definição de novos ídolos nacionais. Assim, seguimos a filosofia do “já que não tem tu, vai tu mesmo” e, infelizmente, abraçamos sucessos que já nascem com data de validade definida.

Talvez, até fosse esse o objetivo de sua crônica. Entretanto, além de não demonstrar preocupação com os sentimentos dos familiares do cantor, ele direcionou o debate sobre cultura para a discussão de gêneros musicais.

E, nesse caso, é bastante comum defender aquilo que gostamos e menosprezar o gosto do outro.

Uma postura é chata, pois, nada te dá o direito de se julgar melhor do que ninguém. Você pode ter se formado em Harvard, mas, mesmo assim ainda não fará um café tão gostoso quanto ao que minha tia faz, lá no interior de Minas Gerais. Continue lendo

SOBRE CADEADOS E AMOR

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Uma notícia bastante comentada foi a retirada dos cadeados da Pont des Arts, em Paris. Para muitos, foi o triste fim de um dos símbolos mais emblemáticos do romantismo entre casais do mundo inteiro.

Mas, para outros, não passa de um monte de cadeados pendurados em uma grade.

Quando o assunto é paixão, acho válida qualquer demonstração de carinho e afeto. Seja da forma que fizeram na ponte, ou com uma foto polaroid, ou cravando as iniciais dentro de um coraçãozinho no tronco de uma árvore. Tudo bem, eu sei que é cafona. Mas, é um gesto bonitinho… (escrevi isso lembrando do comentário de Renato Russo antes de cantar Hoje a Noite Não Tem Luar, no CD acústico).

Enfim, não quero entrar no debate sobre o que é brega ou não no amor. Até mesmo, porque não vejo sentindo debater algo tão superficial, em se tratando de um sentimento tão amplo e complexo como esse.

O problema, em minha opinião, é o objeto utilizado pelos franceses: o cadeado. Continue lendo

SOBRE RELACIONAMENTOS

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Eu nunca tive um namoro que durasse mais de 100 dias. Sempre tive a convicção de que quando ultrapasse a marca dos 3 meses é porque havia encontrado a pessoa com quem me casaria. E foi assim que aconteceu.

Mas, antes que você pense que este será um texto romântico, digo que esse sentimento não tem nenhuma relação com algo passional, nem mesmo com aquilo que chamam de “encontrar o amor da vida”.

Trata-se de pura implicância. Eu sou uma pessoa muito chata e 100 dias são mais que suficientes para eu listar (e potencializar) todos os comportamentos que me irritam em uma pessoa. Ou seja, uma risada estranha ou um posicionamento político diferente do meu, serviam de motivos para esfriar o namoro.

Eu sempre me apaixonei facilmente. Durante minha vida escolar, a cada bimestre estava perdidamente apaixonado por uma garota diferente. E, na maioria das vezes, elas nunca chegaram a ficar sabendo disso.

Eu conseguia a proeza de sofrer com as atitudes de alguém que não fazia a menor ideia que estava me magoando. Aquele relacionamento só existia em minha cabeça, portanto, inevitavelmente eu era o único que poderia sofrer com aquilo.

Depois de muitas frustrações, decidi ser sincero em meus relacionamentos. E a primeira coisa que fiz foi deixar de tentar ser aquele namorado que todo mundo queria ter. Nada de máscaras do tipo assistir um filme ruim sem reclamar só para não queimar o filme com a outra pessoa.

Assumi minhas chatices e expus para o mundo. Coincidência ou não, a primeira namorada que conheceu o meu “eu” mais honesto, também foi a mesma a conseguir ultrapassar a tal marca dos cem dias.

Casamos e dividimos o sofá da sala todas as noites para assistir séries na Netflix.

O fato é que não existe mágica. As coisas acontecerão naturalmente e você precisa ter consciência de que as pessoas não mudam suas essências. Ou seja, é sua decisão aceitar ou não os defeitos de alguém.

Mergulhar em um relacionamento que não te faz bem na esperança de que as coisas vão melhorar um dia ou que você pode “consertar” a outra pessoa, além de ser muita ingenuidade, é de uma prepotência absurda. Continue lendo

SOBRE A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

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Devido a minha formação como educador, não consigo cogitar a possibilidade de aceitar com naturalidade a redução da maioridade penal.

Claro que isso não significa que todos os professores devessem pensar como eu. Aliás, defendo que cada um possa ter sua opinião de acordo com suas convicções.

Acontece que os profissionais que contribuíram para minha formação tinham ideais bem claras sobre o papel da educação em uma sociedade e como ela serve para combater o crime antes mesmo que ele aconteça.

Portanto, reduzir a maioridade penal não passa de uma medida paliativa. Algo que irá punir alguns casos mostrados pela mídia, porém, não chegará nem perto de resolver o problema real que aflige o país.

Na verdade, parece que estão tentando criar uma forma punir crimes que incomodam determinada parte da população, para tranquilizar os cidadãos de bem que ficam chocados a cada nova edição do Jornal Nacional.

Afinal, nada pior do que trabalhar um dia inteiro, levando esse país nas costas e ainda ter que, no fim do dia, aturar notícias de violência urbana depois de chegar em casa, não é mesmo?

Ao que tudo indica, querem fazer uma legislação que, aparentemente, não visa reduzir a quantidade de homicídios que acontecem diariamente nas periferias e não noticiados pela televisão.  Continue lendo

SOBRE O ÓDIO QUE SENTEM

O ódio

Acho engraçado como as pessoas acreditam que o fato de não fazer alguma coisa já é relevante o suficiente para cumprir seu papel na sociedade. Hoje, no trânsito para o trabalho, vi um carro com um adesivo dizendo: “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio”.

Muito estranho a pessoa declarar abertamente o voto em alguém que também recebeu dinheiro de todas as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. Minha dúvida é se ela acredita que, no caso do senador tucano, os empresários doaram milhões de reais por amor ou se, simplesmente, ficou aliviada de seu candidato não ter sido eleito e, consequentemente, a bomba explodir no colo de outros político corrupto.

Enfim, o fato é que o motorista do carro em questão, usou o acostamento para cortar um pequeno trecho do engarrafamento. E aí eu me pergunto: qual será essa tal “culpa” a qual ele se refere?

Se for pelo fato de algumas dezenas de pessoas terem ficado milionárias de forma ilícita, neste caso, realmente ele não é culpado. Entretanto, se a intenção era falar da situação caótica que o país enfrenta, aí, meu caro, o indivíduo errou feio. Errou rude. Continue lendo

SOBRE O DIA 8 DE MARÇO

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Escrever sobre o Dia Internacional da Mulher é sempre uma tarefa complicada. Não por falta de inspiração, mas, porque estou contaminado culturalmente por clichês que mais reforçam comportamentos que deveriam ser combatidos, não só no dia 8 de março, mas, também nos outros 364 dias do ano.

Então, a melhor coisa que posso fazer pela causa é não atrapalhá-la, escrevendo um monte de baboseiras temperadas por um machismo que existe independentemente de querer ou não.

Portanto, neste primeiro momento, deixarei o plural de lado e vou falar apenas de uma mulher: minha mãe.

E não farei isso usando esses blá blá blás que costumo ver por aí durante este mês. Vou escrever sobre ela porque já faz um tempo que desejo homenageá-la e achei que este seria um bom momento para isso.

Minha mãe, apesar de ter passado por maus bocados na infância sendo criada apenas pela minha vó, nunca vestiu a armadura de “mulher guerreira”. Enfrentou as dificuldades que apareciam porque não havia outra opção. Continue lendo

SOBRE CARNAVAL E BIG BROTHER BRASIL

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Carnaval é uma data bem contraditória, onde os puritanos cultuam o sexo sem medo de julgamentos e os machões homofóbicos botam para fora seus instintos reprimidos, vestindo vestidos e babydolls. Tudo, é claro, em nome da alegria.

Passei muito tempo tendo a obrigação de não gostar dessa data. Reclamava pelo simples fato de reclamar, apenas para assumir o papel de ser o “do contra” na situação. Esse também era o mesmo comportamento diante de novelas e Big Brother Brasil.

Acredito que acontece com a gente, de uma forma bem sutil, um fenômeno semelhante ao que assisti no filme Forminha Z, quando decidem desde cedo o papel que cada um irá desempenhar dentro do formigueiro.

Também acontece isso em nossas relações sociais. Ainda na nossa infância, vem alguém – ou um grupo – e define o que seremos para o resto da vida. E no meu caso, fui rotulado como o “cara inteligente”.  Continue lendo

SOBRE LIMITES, INCLUSIVE NO HUMOR

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Recebi uma sugestão para escrever sobre o limite do humor. Achei um tema bem inusitado, mas, gostei da ideia.

Como não sou um humorista, não me sinto no direito de interferir nas diretrizes da profissão dizendo o que é certo ou errado nela. Então, de uma forma bem despretensiosa, acredito que toda piada é válida, contanto que faça alguém rir.

Porém, como cidadão me pauto pelas leis do país – e aqui não me refiro apenas ao humor – logo, um crime, antes de qualquer outra coisa, sempre será um crime.

Mas, então, esse seria o limite de uma piada?

Tomando como base o sentido literal da palavra, ainda acredito que não. Afinal, se a legislação servisse de limite para todo mundo não teríamos tantos crimes por aí… Continue lendo